Vive-se um momento de profundas transformações, no mundo. E Cabo verde, como país localizado no mundo, aberto às influências não está imune a essas mudanças, que trazem fenómenos positivos e negativos.
Um dos grandes problemas de Cabo Verde no momento é a perda de valores. Perda do conceito Família, perda da responsabilidade dos pais, perda da autoridade familiar e por conseguinte, perda das referências dos pais nos filhos.
Todos temos o dever de dar o nosso contributo, para uma recentragem da autoridade na família. Caso contrário não se sabe ao certo para onde se caminha. A sociedade actual encontra-se em (profunda) crise, na qual somos remetidos a repensar, nossos valores e atitudes, sobretudo lá onde eles devem ser cultivados! (um ditado popular muito característico: casa dos pais escola dos filhos).
O governo entre tantas acções desenvolvidas em favor da família, aprovou recentemente, na 1ª. Semana de Novembro em Conselho de Ministros, o Plano Nacional de Acção para a Promoção do Desenvolvimento da Família Cabo-verdiana, com o objectivo de promover a criação de condições favoráveis para o fortalecimento da família
“Esse Plano orientador é um diploma estratégico, bastante abrangente que vem sendo elaborado há vários anos, e trata a matéria da família de forma transversal a todos os sectores”. O governo, chama para acção, todos os agentes e actores da sociedade cabo-verdiana, desde igreja, as associações, bem como os diferentes departamentos do Estado, para fazer face aos desafios que se colocam hoje, em termos de educação dos filhos e de uma maior participação de todos no processo de desenvolvimento da “sociedade alguns dos quais tem vindo a fazer um trabalho meritório” em favor da família. E assume que é uma medida tardia, mas que “não será demasiado tardia”. Admitamos que nunca é demasiado tarde, para colmatar a situação e ajudar a família cabo-verdiana, na reposição da sua autoridade familiar. Ainda vamos a tempo.
A influência da autoridade familiar na formação dos jovens
A “autoridade pode atrapalhar como pode ajudar”. Por exemplo ao pretendermos conversar, você tem que saber com quem está falando. (p.exemplo) Você não pode privar o seu filho de fazer coisas que ele quer fazer (pelo menos não todas), se a sua autoridade for assim, com certeza seu filho vai ficar revoltado.
Se existem tantas delinquências hoje, certamente é porque ontem tiveram uma educação deficiente, e quiçá, inexistente. Não podemos esperar que crianças sem orientações ou sem autoridades em casa, sem acompanhamentos na sua educação escolar e sem nenhuma referência em termos do que são os reais valores, sejam hoje adolescentes e jovens que antes de tudo, pensem que o segredo para o sucesso, com dignidade seja o TRABALHO DIGNO.
Você tem o direito, a oportunidade de ser “autoritário” enquanto o seu filho está na fase pré-adolescência, porque depois, quando for adulto, como todos nós sabemos, ele começa a ter a sua própria visão do mundo.
Na adolescência, os costumes são normalmente seguidos com as mesmas normas da infância, o esquema é o mesmo.
(Freud (1996, p.40) Dizia que “por trás de toda a proibição parece haver algo como uma teoria de que ela é necessária, porque certas pessoas estão carregadas de um poder perigoso que pode ser transferido através do contacto com elas quase como uma infecção”.
(Freud) Dizia ainda, que a pessoa entra no núcleo familiar em busca duma defesa, contra o sofrimento que advém do sentimento de desamparo.
E que esse desamparo tem o sentido de afecto que mostra ausência do sentido da existência. E essa ausência existencial é superada quando esse sujeito se sente amado por figuras de autoridade na família, essas figuras na maioria das vezes são imaginadas como sendo os pais.
Dizia outro filósofo que, para ser reconhecido como sujeito e como objecto de amor no interior da esfera familiar, torna-se necessário que a pessoa se identifique exactamente com aquele que sustenta a lei repressora, em relação às exigências. Para ser reconhecido como sujeito, a criança deve abrir mão de certos desejos (como os desejos desonestos e agressivos) e saber hierarquizar suas pulsações a partir de uma vontade relativamente própria.
Ela deve aprender a agir como uma autoridade paterna, dotada de força de coerção.
Se o pai disser uma coisa e a mãe o contrário, então está desmoralizada a autoridade dos pais e a criança acaba fazendo o que quer, aproveitando-se da situação. Naturalmente, Pais unidos têm filhos equilibrados e obedientes; pais desunidos têm filhos instáveis e indisciplinados. Como hoje, infelizmente, muitas vezes acontece.
O mau exemplo vem de cima e as bases se rebelam quando são obrigadas a se submeter a códigos de lei e de conduta, que as próprias autoridades “se incumbem de menosprezar”.
Então percebemos que até hoje na relação familiar, o pai tem uma influência muito forte sobre os filhos e isso reflecte na vida social dos mesmos (filhos) e na sociedade.
Em jeito de Conclusão, hoje pode-se ver na família, adultos com personalidades diferentes, mas que carregam na vida um manancial de vivência, regada de educação e autoridades rígidas. Estes reproduzem o mesmo comportamento paterno, aos seus filhos, outros ao contrário, nem sonham em transmitir para os filhos o legado que sofreu, que viveu, mas de tudo, quando um dos pais disser alguma coisa ou der alguma ordem é necessário que seja apoiado pelo seu cônjuge;
Há necessidade de harmonia entre marido e mulher, para que possa haver equilíbrio na família!
Rompeu-se a teia de autoridade que deve ligar os relacionamentos familiares, principalmente, entre pais e filhos, quando o casal já não mais sabe lidar com a sabedoria e amor entre si. Penso que esta é a grande questão! Como um casal vai exercer autoridade sobre os filhos e como vai cobrar deles um certo tipo de comportamento, em função da obediência que lhe é devida (Ef 6.1) se os próprios pais vivem às teimas, agindo de maneira inconveniente, inidónea? Fica difícil; ou impossível até.
Assim sendo, para que a autoridade familiar funcione fluentemente, é preciso que, primeiramente, o casal (ou a família) esteja desfrutando de um relacionamento sadio, ordeiro, dinâmico e frutífero. Esta harmonia na família (entre marido e mulher e outros) será de grande valor para os filhos, pois estes (filhos) aplicar-se-ão às suas vidas, o exemplo prático, dado pelos pais. A função social e a missão da família são ser guardiã de valores morais reconhecidos pela sociedade. Aliás, ser exemplo é questão sine qua non no lar, para que haja harmonia e autoridade na família. Sem o exemplo pessoal, não formamos sadiamente o carácter de nossos filhos.
Não podemos errar neste ponto, sob risco de por a perder todo o futuro moral de nossos filhos. E, quando isto ocorrer, já não mais adianta, chorar sobre o leite derramado. Como diz o ditado tbem. popular: "É mais fácil construir um menino, do que remendar um homem!" Então, enquanto se tem tempo, e possibilidade, saibamos investir seriamente na formação dos filhos, através da autoridade familiar. E há uma parceira importante a considerar, a Igreja, quer queiramos quer não. É minha opinião.
Aplicações para a vida – reflexão / Igreja como parceira da família
Para concluir esta reflexão sobre a crise de autoridade na família, aproveito para reportar o modelo bíblico da autoridade familiar e, em que bases ela deve ser estabelecida.
1ª) A Bíblia reconhece a autoridade do pai como líder da família – A figura do pai como peça chave no exercício da autoridade. Se as famílias experimentam muitos problemas hoje em dia, isto também tem a ver com pais que em tempo não assumiu o seu papel e por vezes, deixam com as mães (verdadeiras heroínas) a difícil tarefa (Ef. 5.22-6.4).
2ª) A autoridade do pai é compartilhada com a mãe (esposa) - Ter a superioridade ou a prevalência da autoridade no lar, não significa prepotência ou ditadura por parte dos homens. O exercício da autoridade está mais para o exemplo de conduta, do que para a aplicação da vara. Assim sendo, na visão moderna, e de parceria que deve existir no casal, este deve agir em conjunto, harmoniosamente, no exercício da autoridade sobre os filhos.
3ª) A autoridade que funciona é aquela que se exerce na base do amor - O amor é a base da vida. Sem ele, nada funciona como deveria. (1Jo 4.8).
4ª) Toda autoridade precisa ser legitimada - Os pais precisam aprender a aplicar e a exercer uma autoridade, com base nos princípios bíblicos.
(Quando se vive e se recorre a autoridade da Palavra para a aplicação da disciplina, os resultados sempre são infalíveis. Possui um preço, o preço da fidelidade. A Escritura é proveitosa para muita coisa, inclusive para: ensinar, repreender, corrigir, instruir em justiça (2Tm 3.16).
Outubro 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
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